Olha a foto: Sorria (ou não)! | Bitte lächeln (oder auch nicht…)!
Me lembro bem do dia em que cheguei em casa aos prantos por conta de algo que me havia sucedido num contexto alemão. Nada grave, mas que me deixou muito decepcionada. Naquele dia, eu havia participado de um evento importante. Como gosto de registrar tudo fotograficamente, fui tirar uma foto de algumas pessoas que estavam no palco, e elas me deram uma bronca por conta disso na frente de todos os convidados presentes. A situação foi bem desagradável para todos, principalmente para mim. Segurei minhas lágrimas, estampei um sorriso amarelo no rosto e aguentei o tranco durante o resto do evento…
Ich erinnere mich gut an den einen Tag, als ich weinend nach Hause kam. Meine Tränen hatten keinen schlimmen Grund, aber wohl mit etwas zu tun, was für mich sehr enttäuschend gewesen war. Ich kam von einem (deutschen) Event. Als leidenschaftliche Fotografin wie ich bin, hatte ich natürlich meine Kamera dabei und wollte das Event fotografisch festhalten. Als ich dabei war, ein Foto von den Leuten auf der Bühne zu machen, wurde ich von ihnen gerügt – und zwar vor allen Anwesenden. Es war eine sehr unangenehme Situation für alle, aber vor allem für mich. Da nahm ich meine ganze Professionalität zusammen, kämpfte gegen meine Tränen, machte gute Miene zum bösen Spiel und handelte so normal wie möglich weiter…
Quando cheguei em casa, contei ao meu marido o que havia sucedido e o porquê do meu choro. E para ele logo ficou claro: Tratava-se de uma grande diferença cultural entre nós brasileiros e os alemães. No Brasil, existe o costume de fotografar tudo e todos. A maioria das pessoas não tem nada contra que alguém as fotografe. Mas aqui na Alemanha é diferente. As pessoas são mais reservadas e prezam muito por sua privacidade. Por isso, muitos alemães não gostam de ser fotografados nem de usar as redes sociais. Mas isso é assunto para outro texto…
Als ich dann nach Hause kam, wollte mein Liebster natürlich den Grund meiner Tränen wissen. Und ihm wurde schnell klar: Es handelte sich um einen großen kulturellen Unterschied zwischen Brasilianern und den Deutschen. In Brasilien ist es gängig, dass man ständig alles und alle fotografiert. Die meisten Brasilianer haben nichts dagegen, dass man Fotos von ihnen macht… Anders als in Deutschland. Hier ist man reservierter, das Thema Privatsphäre wird groß geschrieben. Viele Deutsche, die ich kenne, mögen nicht, vor eine Kamera zu treten und vermeiden auch die sozialen Netzwerke, aber darüber sprechen wir in einem anderen Text…
Daí você pode me perguntar e com razão: “Você mora há tantos anos na Alemanha, conhece as diferenças culturais entre brasileiros e alemães, e ficou decepcionada porque alguns alemães não se deixaram fotografar por você???” Naquele dia, eu fiquei triste porque, a meu ver, tudo o que estava acontecendo naquele evento merecia ser fotografado e registrado. Mas eu era a única ali que pensava assim. E, na verdade, não há nada de errado nisso…
Und da kann man mich zu Recht fragen: „Du lebst schon so lange in Deutschland, kennst die kulturellen Unterschiede zwischen Brasilianern und Deutschen, und warst enttäuscht, weil sich ein paar Deutsche von dir nicht fotografieren ließen???“ Ich war damals so enttäuscht, weil ich als jemand, der ein fotografisches Auge hat, natürlich so ein wichtiges Ereignis fotografisch festhalten wollte. Aber ich war nun mal die Einzige, der es so wichtig war. Und da ist nichts Falsches dran.
Naquele dia, eu aprendi uma lição muito importante sobre EXPECTATIVAS. Depois de me consolar, meu marido me disse algo que se tornou um dos meus lemas aqui na Alemanha: “Não espere das pessoas (= dos alemães) o que elas (eles) não podem te dar! Procure suprir suas necessidades e carências brasileiras através de outros brasileiros que também moram aqui!” Quem conhece meu blog e me segue nas redes sociais, sabe que eu sou bem integrada e feliz aqui na Alemanha. Mas é claro que, como brasileira, sinto falta do calor humano e da empatia típicos do nosso povo, das risadas altas, dos churrascos animados e daquele um trilhão de fotos que tiramos todos juntos:)
An diesem besagten Tag habe ich eine wichtige Lektion in puncto ERWARTUNGEN gelernt. Nachdem mein Mann mich getröstet hat, hat er mir einen Satz gesagt, der zu einem meiner Lebensmottos hier in Deutschland geworden ist: „Erwarte von den Leuten nichts, was sie dir nicht geben können! Versuche, deine brasilianische Seite durch andere hier lebende Brasilianer zu pflegen!“ Wer meinen Blog kennt und mir in den sozialen Netzwerken folgt, weiß, dass ich hier in Deutschland gut integriert und glücklich bin. Aber natürlich vermisse ich als Brasilianerin bestimmte brasilianische Eigenschaften bzw. Dinge. Dazu gehören z.B. die zwischenmenschliche Wärme, das laute Lachen, die ausgelassenen Grillfeste usw.
Tenho várias amigas alemãs muito especiais, daquelas para guardar do lado esquerdo do peito, como canta o nosso querido Milton Nascimento. Mas não posso esperar que elas supram minhas carências relacionadas ao Brasil. E é aí que entram minhas amigas brasileiras também residentes aqui em Düsseldorf/na Alemanha. É com elas que eu passo horas falando abobrinha ou rindo de memes toscos (afinal nós brasileiros amamos memes – hehehe). E é nos eventos do nosso Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo Düsseldorf (leia mais a respeito na entrevista que fiz com a nossa líder Iramaia Kotschedoff) que fotografo a mulherada toda, que adora fazer pose para a fotógrafa:)
E assim seguimos caminhando nessa vida entre duas culturas. A gente se decepciona ali, se alegra daqui, chora, ri, se irrita, se emociona, erra, aprende, evolui… Só não vale desistir! Se você, como eu, é um brasileiro/a residente na Alemanha, adoraria saber como você lida com o assunto! Conte-me nos comentários! Abraços e até a próxima!
Ich habe einige richtig gute deutsche Freundinnen. Mit zwei von denen bin ich schon seit über zehn Jahren befreundet. Aber ich darf von ihnen nicht erwarten, dass sie meine brasilianischen Bedürfnisse erfüllen. Und genau da kommen meine brasilianischen Freundinnen ins Spiel. Auch die Gruppe Frauen aus Brasilien – Region Düsseldorf (um mehr darüber zu erfahren, kannst du das Interview lesen, das ich mit unserer Leiterin Iramaia Kotschedoff geführt habe). In unseren Veranstaltungen kann ich u.a. viel fotografieren, weil alle es ja lieben, für die Kamera zu lächeln:)
Und so geht es hier weiter, in diesem Leben zwischen zwei Kulturen… Man ist mal enttäuscht, mal überglücklich; weint und lacht; ist mal verärgert, mal gerührt; man macht Fehler, lernt dazu, entwickelt sich weiter. Nur aufzugeben, kommt nicht infrage! Wenn du auch mal in diesem Kontext Erfahrungen gesammelt hast, dann würde ich mich freuen, deinen Kommentar zu lesen! Viele Grüße und bis bald!
Rode
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Ingrid
Oi, Rode. Estive na Alemanha por bem pouco tempo. Tempo este que passei com a família do meu namorado, que é alemão. Daí estes dias estive a pensar sobre os costumes que percebi nessa família e, poxa, eles são muito receptivos, querem te fazer sentir bem mas nem de longe é parecido com o que temos no Brasil. Ainda não sei explicar direito o porquê mas é como se houvesse uma barreira que te impedisse de criar ‚intimidade‘ com eles. Eles sempre me trataram divinamente bem, mas em nenhum momento me senti acolhida, como quando visito a família de amigos brasileiros. Lembro que chorei muito de saudade da minha família quando passei alguns dias numa casa na montanha com uma família alemã… eu fiquei surpresa comigo mesma por isso. Espero um dia poder entender mais da cultura alemã e seu blog tem me ajudado muito com essa tarefa.
Beijos do Brasil
Ingrid
Rode
Que bom que meu blog tem sido de proveito pra você, Ingrid:) Eu aprendo até hoje:) Abraços*
Trolleira
🙂 precisava rir! – sou alema morando no Brasil e concordo plenamente em todo do seu artigo – so viceversa! 😉
Faco a mesma experienca aqui no Brasil!
Diferencas culturais… depois praticamente 20 anos, ainda tem!
E amigas alemas ajudam aqui como suas brasileiras la!
Beijos do Brasil!
Rode
Tá aqui você que não me deixa mentir:) Beijos de Düsseldorf*
Janaina
Há alguns anos estava caminhando com meu grupo de voluntários em direção a um restaurante, em Göttingen, acho… daí vi uma casa muito bonita e peguei o celular para tirar uma foto (já tinha tirado outras) quando minha tutora se aproximou e cochichou no meu ouvido: voce sabe se pode fazer isso?, usando o verbo „dürfen“. Na hora, gelei, baixei o celular e fiquei muito sem graça, claro. Eu imaginava que como as casas alemas sempre têm cortinas fechadas, não estaria invadindo a privacidade, mas não é bem assim. Até o google tem problemas com seu GoogleMaps por aqui devido ao alto senso de privacidade alemão. Assim como meus amigos, nunca posto fotos tiradas em pública sem rabiscar a cara das pessoas, aliás, morro de medo até de tirar fotos em público, porque as pessoas olham com carão mesmo! Mas sinto muito pela sua experiência, que sei você conseguiu superar. Afinal, são muito mais experiências boas pra contar!
Rode
Eh um assunto realmente delicado por aqui:) Mas vc tem razão: Já vivi muita coisa boa aqui tb!
Aline Badilho
Olá Rode, tudo bem?
Eu estou adorando ler o seu blog 🙂 Comecei a ler as matérias aleatoreamente, mas agora decidi começar do início 😀
Meu marido e eu estamos nos mudando para Berlin no dia 03 de Agosto. Eu sou brasileira, ele português e atualmente moramos em Chicago.
Estou escrevendo para agradecer por esse espaço que você disponibiliza aqui. Espero que possamos nos falar e trocar experiências.
Ainda não falo alemão e estou tentando me prepara um pouco antes da chegada. Quando estiver instalada em Berlin, vou iniciar um curso intensivo. Tem alguma dica?
Um beijo,
Aline.
Rode
Que bom que o blog tem sido de proveito pra você, Aline! Infelizmente não tenho nenhum curso em Berlim pra indicar… Tudo de bom pra essa nova fase!
Rode
Espero que você encontre boas amigas brasileiras logo, logo:) Abraços*
Horst Schrade
Das liegt an unserer Erziehung. Es gibt ein altes Weihnachtslied aus dem Salzburger Land mit der beginnenden Textzeile, still still still weil’s Kindlein schlafen will und das beschreibt ganz gut, wie wir schon als Kinder in Ruhe gelassen werden. Vor ca 30 Jahren hatten wir mal eine Situation die mir deutlich machte, wie unterschiedlich die Erziehung schon von Kindesbeinen an ist. Wir hatten am Wochenende Freunde und meine Eltern zum Kaffee eingeladen und unsere brasilianische Freundin brachte ihr Baby mit zu dem Kaffee am Nachmittag. Sie ließ ihr Kind keine Minute aus den Augen und meine Eltern, die damals noch lebten, sagten mir später, die Brasilianer lassen ihre Kinder ja kein Moment in Ruhe! Diese Aussage zeigt mir, wie unterschiedlich die Erziehung läuft und wir Deutschen werden mit einem größeren Abstand groß. So kann man z.b. als Deutscher auch schonmal das Gefühl haben, “ die hängen einem so auf der Pelle“. Ich bin Jahrgang 1950 und ich denke mal, dass die Erziehung heute anders läuft als in den 50er Jahren in Deutschland oder die Erziehung meiner Eltern die aus den 20er Jahren waren, aber fundamental ist die brasilianische Gesellschaft gruppenorientierter wie die deutsche Gesellschaft und da kann es schon mal zu diesen beschriebenen Momenten kommen. ich höre auch oft von brasilianern, wir seien zum Teil wie Maschinen und überorganisiert, aber das liegt eben daran, dass in unserer Ausbildung folgerichtiges Denken im Vordergrund steht. Im Umgang mit der anderen Kultur muss man lernen und diese Momente zeigen einem was man nicht tun sollte. Leider ist mein Portugiesisch nicht gut genug um solch einen Text in Portugiesisch zu schreiben. Mir gefällt dieser Blog.
Rode
Vielen Dank für deinen Kommentar, Horst! Das Leben zwischen zwei Kulturen ist immer eine große Herausforderung, aber auch eine Bereicherung… Freut mich, dass du meine Texte gern liest! LG
Horst Schrade
Als Emigrant erleidet man das Schicksal der Entwurzelung. Hat man die Hürde der Sprache überwunden, dann kann man niemandem erklären woher man kommt und wenn man nach Hause in den Urlaub fährt kann man nicht erklären wo man war. Trotzdem empfinde ich diese Erfahrung als eine Horizonterweiterung.
Rode
Da stimme ich dir völlig zu, Horst!